Porque dentistas também devem adotar práticas de sustentabilidade

Por Ana Falcão Gierlich, advogada e especialista em Direito Médico e Odontológico. Segundo ela, hoje a ideia de adotar práticas sustentáveis cresce em ritmo acelerado

Porque dentistas também devem adotar práticas de sustentabilidade

A Odontologia, como muitas outras áreas da saúde, não está imune às questões ambientais, que estão se tornando cada vez mais centrais na sociedade. Se, no passado, os dentistas se dedicavam integralmente a atender às necessidades dos pacientes, hoje a ideia de adotar práticas sustentáveis cresce em ritmo acelerado. As regulamentações ambientais, que inicialmente pareciam distantes da prática odontológica, se tornaram um tema urgente para todos que atuam na área. A realidade é que, mais do que nunca, os dentistas precisam entender que o impacto ambiental de suas ações não é algo opcional, mas uma responsabilidade que acompanha a evolução da profissão.

O primeiro ponto que merece atenção é o gerenciamento de resíduos odontológicos. A quantidade de resíduos gerados em consultórios é considerável e vai muito além de simples restos de procedimentos. O descarte incorreto de materiais pode causar sérios danos ao meio ambiente e, no caso dos resíduos biológicos, até mesmo riscos à saúde pública. O manejo adequado exige mais do que a simples separação de lixo; é necessário seguir protocolos rigorosos, especialmente quando se trata de substâncias químicas e perfurocortantes. Dentistas que não estão atentos às normas podem enfrentar severas penalidades e colocar a saúde de seus pacientes e colaboradores em risco.

Além disso, a ideia de que a adoção de tecnologias sustentáveis pode ser uma mera tendência não é mais válida. Equipamentos modernos, como as radiografias digitais, não só reduzem custos, mas têm um papel crucial quando se fala de sustentabilidade. Ao eliminar a necessidade de filmes radiográficos e os produtos químicos usados na revelação, essas tecnologias ajudam a minimizar a geração de resíduos tóxicos. O que se observa é que a implementação de máquinas como essas não é apenas uma questão de modernização, mas uma obrigação ética frente ao planeta onde nos encontramos.

Em um nível mais amplo, a concepção de consultórios também está se transformando. A arquitetura sustentável, com o uso de energia renovável e eficiência energética, é cada vez mais uma realidade nas clínicas odontológicas do Brasil. Placas solares e o uso de luz natural não são apenas boas práticas para reduzir custos operacionais; são atitudes que demonstram um compromisso genuíno com o meio ambiente e uma atitude firme em relação ao desperdício de energia. Não se trata apenas de criar um ambiente agradável para o paciente, mas de fazer parte de um movimento mais amplo de conscientização e responsabilidade ambiental.

No entanto, uma verdadeira mudança de paradigma exige mais do que boas intenções. Os dentistas, especialmente aqueles em cargos de liderança, precisam se atualizar constantemente sobre as regulamentações ambientais. Com a evolução de tais leis, é imprescindível que os profissionais do setor se mantenham informados, afim de garantir que suas ações estejam sempre dentro da legalidade e, ao mesmo tempo, alinhadas com as melhores tendências de sustentabilidade. O não cumprimento das normas ambientais pode resultar em multas, afetar negativamente a imagem do consultório e, por extensão, a confiança que os pacientes depositam em seus profissionais.

A resposta dos dentistas a essa nova realidade deve ser estratégica. O compromisso com posturas socialmente responsáveis pode ser um diferencial importante em um mercado cada vez mais competitivo onde os consumidores levam cada vez mais em conta a ética e o impacto social das empresas com as quais escolhem se relacionar. É necessário, portanto, que os profissionais da odontologia compreendam que a sustentabilidade não é uma moda passageira, mas um novo parâmetro de qualidade e atuação.

Vale ressaltar que, ao promover práticas mais verdes, os dentistas também desempenham um papel educacional importante. Eles podem utilizar sua posição para educar seus pacientes sobre a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental. Essa interação pode ser uma forma poderosa de disseminar atitudes ecológicas, contribuindo para um ciclo de conscientização que ultrapassa as paredes do consultório. Afinal, a educação ambiental é um aspecto relevante para promover uma verdadeira mudança de comportamento na sociedade e no bem-estar global das futuras gerações, e zelar por ela deve ser visto como uma extensão das obrigações éticas da profissão.

 

 

Sobre Dra. Ana Falcão Gierlich,
Ana Falcão Gierlich, advogada e especialista em Direito Médico e Odontológico, que discute a crescente necessidade dos cirurgiões-dentistas adotarem práticas de sustentabilidade. Segundo ela, com as questões ambientais ganhando relevância, a odontologia precisa se adaptar, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento adequado de resíduos, como materiais químicos e perfurocortantes, que, se descartados de forma incorreta, podem causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde pública. A adoção dessas práticas não é mais uma opção, mas uma responsabilidade para a evolução da profissão. A advogada alerta também para outras práticas de sustentabilidade. 


Publicado em 28/04/2025.

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